terça-feira, 1 de junho de 2010

Obras de infraestrutura, de 130 bilhões, estão atrasadas

O Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2014 em outubro de 2007. Passaram-se quase três anos e, até agora, poucas obras foram iniciadas.

As reformas e construções de estádios para a Copa deveriam ter começado em março. Metade está atrasada. A outra metade ainda está muito no início. O caso mais emblemático é o do Morumbi (ilustração acima). O São Paulo Futebol Clube, dono do estádio, recusou o projeto de reforma imposto pela Fifa, orçado em 630 milhões de reais. Faltando quatro anos para o início do Mundial, a cidade mais rica do país ainda discute se reforma o Morumbi ou se constrói uma nova arena para abrir a Copa.

Mas nem só de estádios se faz uma Copa do Mundo. Ao todo, o país deverá investir 100 milhões em obras de infraestrutura relacionadas ao Mundial. Esse é o total de dinheiro que deverá ser movimentado por governo federal, governos estuduais, prefeituras e iniciativa privada.

No pacote, estão arenas (5,7 bilhões de recusos públicos), ampliações de aeroportos (12 bilhões de reais), infraestrutura turística (12 bilhões de dólares) e novas linhas de trens e metrô (23 bilhões de reais apenas na cidade de São Paulo, sendo 3 bilhões bilhões para um monotrilho ligando o aerporto de Congonhas ao estádio do Morumbi, ilustração abaixo), além de um faraônico trem-bala ligando Campinas ao Rio de Janeiro, ao custo de pelo menos 34 bilhões de reais.

A Olimpíada do Rio de Janeiro deverá consumir outros 30 bilhões de reais em investimentos. Um dos grandes desafios é a despoluição da baía de Guanabara, palco de esportes náuticos, como o iatismo. O governo estadual do Rio negocia com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) um empréstimo de 1,3 bilhão de reais para a operação.

Turistas
A maioria dos turistas estrangeiros deve chegar ao país por avião. A imagem do chamado “apagão aéreo”, ocorrido em 2006, ainda está viva na memória dos brasileiros.

“A taxa de crescimento da demanda de serviço aéreo no Brasil está crescendo a dois dígitos desde 2003. Nós já sofremos, há alguns anos, uma pressão para que tenhamos aeroportos melhores e maiores”, afirma Bolívar Pêgo, coordenador de Desenvolvimento Urbano do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

As ampliações dos aeroportos, no entanto, ainda não começaram. Segundo o governo federal, não estão descartadas as implantações de terminais de passageiros provisórios, removíveis após a Copa. A decisão do governo federal de bancar as obras dos aeroportos é criticada por setores do empresariado (ouça entrevista de João Dória Júnior clicando aqui).

O trem-bala de Campinas ao Rio, com passagem subterrânea por São Paulo, foi idealizado para transportar turistas entre as duas principais cidades do país durante a Copa e, principalmente, a Olimpíada. Inicialmente, deveria ficar pronto em 2014. As últimas previsões, no entanto, colocam sua conclusão em 2017.



A obra é alvo das críticas mais duras. Para o engenheiro Luiz Célio Bottura, especialista em engenharia urbana, o trem-bala será um desperdício de dinheiro. Segundo ele, não haverá passageiros suficientes para justificá-lo depois dos Jogos de 2016.

Comparações

Sede da Copa de 2010, a África do Sul tem enfrentado dificuldade na inauguração de obras. O Soccer City, orçado em aproximadamente 300 milhões de dólares, foi reaberto faltando menos de um mês para o evento, enquanto algumas novas adequações do transporte público ainda não estavam prontas.

Comparando-se à última Copa, a de 2006, na Alemanha, Brasil e África do Sul ficam atrás por suas características de países emergentes. “A Copa na Alemanha estabeleceu um parâmetro de comparação. Os alemães são excelentes no planejamento e sua economia tem tradição”, diz Marcelo Proni, economista da Unicamp.

Proni, especialista em Olimpíadas, está seguro sobre os dois eventos que o Brasil abrigará: “Acho que vai haver um avanço muito grande em termos de fiscalização, acompanhamento de gastos e capacidade de organização, ainda mais depois dos Jogos Pan-Americanos. No caso da Copa do Mundo, a gente também vai conseguir fazer um excelente trabalho”, diz. (Rafael Ferraz)

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