terça-feira, 1 de junho de 2010

Governo promete investir 12 bilhões de dólares em turismo

Leia a seguir entrevista concedida pelo ministro Luiz Barretto (foto), do Turismo, ao blog Bolada Preta:

Bolada Preta - Qual será o impacto da Copa do Mundo de 2014 na infraestrutura turística brasileira?

Luiz Barretto
- No caso do turismo, nós temos, sim, questões específicas de infraestrutura turística, que é o primeiro eixo de atuação nossa.

Você tem um conjunto de obras que vão ser adiantadas por causa do evento. Obras, por exemplo, de reurbanização de orlas marítimas, de regiões de beira de rio, pequenas obras de saneamento, em estradas que ligam e dão acessibilidade a monumentos e a pontos turísticos importantes. Você tem sinalização turística, recuperação de patrimônio histórico.

Vamos fazer alguns centros de convenções, centros de eventos, arenas multiuso. Para isso, nós temos uma linha de financiamento que se chama Prodetur Nacional. É um programa com financiamento de duas entidades internacionais. Uma é o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento Econômico) e a outra é a  CAF (Cooperação Andina de Fomento).

Essas duas instituições financeiras mundiais estão disponibilizando em torno de 1 bilhão e 700 milhões de dólares para financiamento de infraestrutura até 2014. É um grande programa para os próximos anos.

Além desse recurso de financiamento,  que serve fundamentalmente pra dar um gás e aumentar a velocidade das obras de infraestrutura, também temos os recursos orçamentários usuais do ministério, que chegam a 2 bilhões de reais por ano para investir em infraestrutura.

O nosso trabalho não é apenas nas 12 cidades-sede da Copa. Nós estamos trabalhando com 65 destinos, que são aqueles destinos do entorno, que são destinos indutores do turismo brasileiro.

Bolada Preta -  Então, até a Copa ou até a Olimpíada, qual a previsão de investimentos para o turismo?

Barretto
- Se multiplicarmos isso por quatro anos até a Copa, teremos 8 bilhões de dólares. Até a Olimpíada, que são mais seis  anos, teremos 12 bilhões de dólares de recursos orçamentários. Sem contar, evidentemente, as questões que extrapolam o Ministério do Turismo, que são as grandes obras de infraestrutura.


Bolada Preta - E em relação à hotelaria, qual será o investimento?


Barretto - Como hotelaria é 100% privada, o governo pode fazer financiamento. São mecanismos de crédito que podem ajudar a induzir positivamente o crescimento de novos hotéis, de novos parques hoteleiros, ou a sua modernização, através de reformas e ampliações.

A gente criou uma linha de financiamento do BNDES, que é a maior e a mais conhecida. São 1 bilhão de reais que estão disponíveis nesse primeiro momento. Se a procura for superior a isso, o BNDES vai aumentar. Essa linha vai agora de 2010 até 2012, porque quem vai construir um hotel, se não pegar o financiamento até 2012, não ficará pronto até 2014.

Ela tem as melhores condições já vistas no mercado. São até 18 anos para construção de novos hotéis, para dar o tempo de amortização do investimento, e até 12 anos para reforma. Quanto mais ecologicamente for o projeto, quanto mais sustentável o hotel, melhores condições de prazo e melhores condições de juros.

O que nós fizemos: nós criamos dentro desses fundos linhas especiais, não só para hotelaria, mas para o trade [mercado] turístico de uma maneira geral, como bar e restaurante, com condições ainda mais vantajosas, já que esses fundos operam com os juros muito abaixo do mercado.


Bolada Preta - Como esses fundos são operados?


Barretto - Esses fundos são operados pelos bancos regionais. No caso do Nordeste, pelo Banco do Nordeste. No caso da Amazônia, pelo Banco Basa e, no caso do Centro-Oeste, pelo Banco do Brasil.

Esses três bancos têm em torno de 750 milhões de reais, em uma linha também inicial. E o prazo é até maior do que o da linha do BNDES. São até 20 anos para construção de novos hotéis e até 15 anos para reforma dos atuais.

Portanto, no caso hotelaria, a gente criou essas duas linhas. Uma é geral, a do BNDES. E a outra é vinculada aos fundos dos bancos regionais. Em torno de 300 milhões/ano por banco.

Além dessas linhas de financiamento à hotelaria, para construção e reforma, a gente tem também duas linhas especiais para capital de giro, que é uma outra coisa importante. O setor de turismo é formado de pequenas e médias empresas que dependem muito de capital de giro para poder sobreviver no dia-a-dia. Então, tanto o Banco do Brasil como a Caixa Econômica Federal operam linhas de capital de giro, com juros muito baixos, que são linhas do FAT [Fundo de Apoio ao Trabalhador]. São 200 milhões de reais da Caixa e 200 milhões do Banco do Brasil. Essa linha disponibiliza até 5 milhões de reais para cada pequenas e média empresas.

Bolada Preta - Com os dois eventos na mesma década, Copa e Olimpíada, será uma grande oportunidade de projetar a imagem do Brasil no exterior. O que o Ministério do Turismo está fazendo em relação a isso?


Barretto - O Brasil hoje ainda é pouco conhecido no mundo. Vamos lançar uma grande campanha publicitária no exterior assim que terminar a Copa da África do Sul. A ideia é que a gente possa mostrar uma imagem positiva, de um país que ocupa uma força no cenário comercial e político internacional. Que não é mais o Brasil do século passado, que apenas tinha como ícones o futebol, o Carnaval e poucos destinos como o Rio de Janeiro.

Hoje nós somos uma potência importante na área de negócios. Precisamos divulgar essa visão mais diversificada do país e com isso tornar o Brasil um destino turístico internacional mais forte do que ele é hoje. E isso nós vamos conseguir através da promoção no exterior.

Bolada Preta - Qual a imagem de Brasil que o governo quer passar lá fora?


Barretto - A gente tem feito um trabalho de observação das experiências internacionais. A Alemanha, por exemplo, foi muito bem-sucedida no quesito imagem com a Copa de 2006.

Você sabe que eles tinham uma preocupação muito grande, porque a Alemanha era vista muito para fazer negócios, mas pouco para fazer turismo e lazer. Eles fizeram um grande esforço para mostrar alegria. O slogan era "Venha fazer amigos na Alemanha", quer dizer, fez um trabalho todo no sentido de qualificar e mostrar um outro lado da Alemanha que não era a Alemanha vinculada às guerras.

A imagem que nós estamos trabalhando e que vamos lançar em uma campanha publicitária, no dia 11 de julho deste ano, que é o último dia da Copa do Mundo da África do Sul, é primeiro, de um país alegre, de um país hospitaleiro, de um país que possui um conjunto grande de destinos turísticos, não apenas no segmento sol e praia. Hoje, o Brasil é um grande destino de eventos, de turismo de negócios. Nós ocupamos hoje a sétima posição entre os países que mais captam eventos no mundo. Esse é um segmento importante. Queremos mostrar esse bom momento que o país vive.

Bolada Preta - O senhor acredita que vai dar tudo certo?


Barretto - Eu acredito no país.  Acredito que a gente vive um grande momento. O país hoje tem uma cultura muito diferente do que era no passado. Na política, temos hoje uma sociedade vigilante, uma imprensa vigilante. Temos uma democracia que funciona. Vivemos um momento econômico positivo. São 16 anos de estabilidade econômica, de inflação controlada.

O Brasil hoje tem uma inserção internacional. É um país maravilhoso, com um povo trabalhador, qualificado, engenhoso, empreendedor. Tudo isso demonstra que nós temos todas as condições, temos todas as ferramentas necessárias para enfrentar esse desafio. Agora a Copa vai ser uma Copa brasileira.  Não podemos exigir que a gente tenha o mesmo perfil da Alemanha. Somos um país em desenvolvimento, com as nossas características,. e são com elas que nós vamos trabalhar. Sempre com o máximo de profissionalismo

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