sábado, 5 de junho de 2010

'Na bola, Brasil ainda é República Centro-Africana'

Para Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro, 67, presidente do Santos FC, a Copa do Mundo de 2014 irá ajudar a mudar a mentalidade do futebol brasileiro, que se comporta como uma "república centro-africana", exportadora de pé-de-obra. Ele acredito que o evento impulsionará os clubes a segurarem seus craques por mais tempo.

Em entrevista exclusiva ao Bolada Preta, Ribeiro afirma que o campeão paulista de 2010 irá criar um fundo de investimentos, no segundo semestre deste ano, na tentativa de prolongar a permanência de seus craques.

Sociólogo, ex-diretor do Banco Central e um dos maiores especialistas em administração imobiliáiria do país, Ribeiro vem se opondo a empresários que querem aproveitar a valorização alcançada recentemente por atletas como Ganso (foto) e Neymar e vendê-los já para clubes europeus. Ribeiro quer segurar os jogadores. Acredita que eles se valorizarão ainda mais.

Confira os principais trechos da entrevista a Daniel Castro:

FELICIDADE É AQUI
"A ideia de um fundo de investimento, que a gente está gestando para o segundo semestre, nos habilita a pagar salários não no padrão europeu, mas salários claramente mais atraentes do que os atualmente pagos aos jogadores, em função de ações de marketing. O caso do Robinho [emprestado pelo Manchester City] é emblemático. Robinho veio recebendo um salário desproporcional à realidade brasileira, mas o Santos não gasta mais do que o seu teto salarial para tê-lo em campo. Porque nós montamos uma engenharia financeira, que faz com que a imagem do Robinho, explorada por anunciantes, resulte em recursos que engordem a conta bancária dele e permitam que ele seja feliz jogando pelo Santos."

FICAR PARA VALORIZAR
“A valorização de um atleta se dá ao longo de um processo. O Kaká foi para a Europa por 8 milhões de dólares, em uma forçada barra de um empresário especulador, em um contrato malfeito.Três anos e meio depois, os 8 milhões de dólares viraram 80 milhões de euros. Poucos negócios do mundo dão uma remuneração como essa. Nós achamos que essa agregação de valor, se o atleta permanecer mais três anos ou quatro no Brasil, se dará no Brasil.
Para conseguir fazer com que a equação fique de pé, você tem que mostrar ao atleta e a seus responsáveis que é melhor ficar aqui do que ir para a Europa em condições econômicas subalternas e com a necessidade de afirmação. Porque vale a pena ele se transformar em um ídolo no Brasil e depois ir, senão por 80 milhões de euros, pelo menos por metade disso, gerando riqueza aqui, fazendo com que a condição de ídolo o leve a um contrato melhor."

COPA IMPULSIONA O BRASIL
"Eu acho que a Copa do Mundo pode ser um fator contribuinte para a mudança de mentalidade no futebol brasileiro. O Brasil se desenvolveu em tantas áreas da economia, mas naquilo que é a paixão nacional a gente ainda é uma república centro-africana, exportadora de matéria-prima. Nós achamos que a Copa do Mundo, que contamina o país, com o interesse pelo futebol cada vez mais relevante, estimula a ideia de que você pode criar condições mercadológicas para segurar esses meninos aqui."

Clique na imagem abaixo e assista a reportagem de TV sobre a exportação de jogadores brasileiros:
 

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